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Médicos que também brilharam nos gramados: quando o bisturi encontra a bola

Campinas, SP, 18 (AFI) – Em um universo onde os anúncios de contratações, as táticas, os dribles e os gols ocupam as manchetes, poucas vezes se destaca a trajetória daqueles que uniram dois mundos exigentes: a medicina e o futebol. Nesta data em que homenageamos a profissão médica, vale lembrar de quem se formou em Medicina e deixou sua marca nos campos — seja como atleta ou como estudioso do esporte.

Um dos casos mais emblemáticos é o de Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o “Doutor Sócrates”. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo, o meia-campista brilhou no Corinthians e na Seleção Brasileira nas Copas de 1982 e 1986. Com sua estatura (1,92 m) e elegância técnica, Sócrates uniu visão de jogo, cultura e ativismo político. Fora do campo, chegou a abrir uma clínica especializada em esportes. 

Outro exemplo internacional é Jimmy Paterson, escocês que jogou por clubes como o Arsenal e o Rangers nos anos 20 e 30, enquanto também se formava em Medicina. Ele demonstrou que a arma de precisão fora das quatro linhas podia vir da mesma trajetória que correria pelos gramados.

Também vale mencionar Bernd Brexendorf, ex-meio-campista alemão que passou pelo Werder Bremen entre 1973-1974 e, após a carreira como atleta, fez Medicina e tornou-se ortopedista e médico do clube, atuando como diretor de clínica e especialista em medicina esportiva. 

Um nome pouco lembrado, mas igualmente marcante, é o do uruguaio Juan Gutiérrez, médico e ex-zagueiro do Nacional de Montevidéu, que atuou nas décadas de 1970 e 1980. Gutiérrez foi um dos primeiros profissionais da América do Sul a se especializar em fisiologia do esforço aplicada ao futebol, participando da preparação física de seleções uruguaias em Copas do Mundo.

Outro caso simbólico é o do argentino Carlos Bilardo, médico ginecologista de formação e técnico campeão mundial com a Argentina em 1986. Antes de comandar Maradona e companhia, Bilardo atuou como volante e conciliou boa parte da carreira com os estudos de Medicina na Universidade de Buenos Aires — chegando a atender pacientes mesmo já como treinador.

Estas trajetórias não são exceção isolada. Em vários lugares, médicos fundaram equipes e torneios de futebol — como o time de médicos que surgiu em Barcelona em 1973 (Galens Barcelona) e que permitiu que profissionais da saúde jogassem futebol, se reunissem e trocassem experiências. 

MAIS DETALHES!

A presença de médicos no futebol, portanto, assume duas vertentes: a de quem jogou e se formou em Medicina, e a de quem atua nos bastidores como médicos de equipe. Ambos os perfis ajudam a reforçar a conexão entre o esporte de alto rendimento e o cuidado com o corpo humano, com lesões, performance e reabilitação.

No Brasil, o exemplo de Sócrates é duplamente simbólico: ele dialogava com cultura, política e saúde, além das quatro linhas. Sua formação em Medicina não foi apenas um detalhe — foi parte fundamental de sua identidade como atleta e figura pública.

Em tempos em que a medicina esportiva ocupa cada vez mais espaço no futebol profissional — com equipes médicas complexas e protocolos de prevenção e recuperação — lembrar dessas carreiras híbridas ajuda a valorizar o profissional da saúde dentro do contexto esportivo.

Hoje, ao celebrar o “Dia do Médico”, temos um motivo especial para reverenciar não apenas quem cuida de vidas fora dos gramados, mas também quem uniu a paixão pelo futebol à dedicação à medicina. Que essas histórias inspirem novos profissionais a acreditar que talento, estudo e espírito competitivo podem caminhar lado a lado.

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