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Atlético-MG, Botafogo e Fluminense podem jogar a cada três dias até o fim do ano

Rio de Janeiro, RJ , 13 (AFI) – O calendário do futebol brasileiro deve ganhar uma nova versão, conforme revelou o presidente da CBF, Samir Xaud, nesta segunda-feira (11). A ideia é que, dentro de 60 dias, uma nova proposta seja apresentada e encaminhada para avaliação dos clubes e das federações estaduais, com o objetivo de solucionar críticas como o excesso de jogos e o pouco tempo para treinamentos e recuperação.

Na atual temporada, por exemplo, Atlético-MG, Botafogo e Fluminense — clubes que ainda atuam em três competições — podem disputar até 34 jogos até o final do ano, caso sigam adiante em todas as frentes, o que representaria uma partida a cada 3,9 dias.

MOMENTO ATUAL

O momento atual é de afunilamento das principais competições, com as quartas de final da Copa do Brasil já definidas e a volta da Libertadores e da Copa Sul-Americana nesta semana, na fase de mata-mata. O Campeonato Brasileiro, por sua vez, se estenderá até 21 de dezembro devido à paralisação no meio do ano para o Mundial.

Até o final da temporada, ainda haverá mais três paralisações por datas FIFA, totalizando 27 dias de pausa — de 1 a 9 de setembro, 6 a 14 de outubro e 10 a 18 de novembro. Assim, o intervalo efetivo para a disputa dos jogos até o fim do ano será de 105 dias, o que poderia significar uma partida a cada 3,1 dias para Atlético-MG, Botafogo e Fluminense.

BOTAFOGO

No caso do Botafogo, a equipe é a única brasileira que ainda disputa as três principais competições — Brasileirão, Libertadores e Copa do Brasil. Já o Atlético-MG e o Fluminense, além das competições nacionais, também jogam a Copa Sul-Americana. Os três times ainda têm duas partidas atrasadas no Brasileirão.

MATADONA DE JOGOS

Além da maratona de jogos, outro fator que pode preocupar, especialmente Botafogo e Fluminense — que disputaram o Mundial de Clubes no meio do ano — é que os atletas dessas equipes estiveram em atividade durante o mundial, enquanto os demais times aproveitaram o período para férias e intertemporada.

Guilherme Soares, Performance Manager da Volt Sports Science, plataforma de saúde e serviços para atletas de futebol de elite, ressalta que, além do desgaste físico, há também maior desgaste mental acumulado pelos atletas que participaram do mundial. No entanto, esses fatores não necessariamente significam perda de competitividade, desde que haja uma abordagem científica abrangente e multidisciplinar.

“Apesar do desafio, é totalmente possível manter um bom rendimento até dezembro com uma boa gestão da carga de treinos, jogos e descanso, encontrando o equilíbrio físico, mental e emocional do ser humano — que vem antes do jogador”, destaca Soares.

PRINCIPAIS DESAFIOS

Entre os principais desafios para as equipes que ainda estão em mais de uma competição, destaca-se a gestão da carga de trabalho, para garantir o máximo rendimento e reduzir o risco de lesões.

“Nessa maratona de jogos, treinar bem muitas vezes significa treinar menos, mas com mais qualidade, para que haja melhor desempenho durante as partidas decisivas”, pontua a Dra. Morgana Américo, fisioterapeuta das categorias de base e sócia da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva).

Ela ressalta a ciência do esporte como diferencial competitivo para este momento da temporada, destacando técnicas como crioterapia, massagens, compressão pneumática, alimentação e hidratação específicas, além da importância do sono de qualidade e de um planejamento que respeite a individualidade de cada atleta.

TESTES PARA ANÁLISE

Para dosar a carga de trabalho dos atletas, podem ser utilizados testes para análise da produção de força muscular, marcadores bioquímicos por meio de coleta sanguínea e monitoramento do sono com o auxílio da tecnologia.

Além do controle da carga e do trabalho individualizado, os trabalhos preventivos contra lesões também são fundamentais na preparação. Guilherme Soares destaca que, embora lesões façam parte do esporte de alta exigência física e mental, há estratégias para minimizar seu risco:

“Sempre colocamos o atleta em condições protetivas. Por isso, avaliações periódicas e monitoramento diário são cruciais, pois o corpo muitas vezes dá sinais importantes. Quando estamos atentos a esses sinais, podemos evitar problemas maiores.”

“A medicina preventiva é um dos pilares centrais para sustentar a performance dos atletas nesse cenário de alta exigência e sequência intensa de jogos. Trata-se de antecipar problemas — identificando sinais precoces de sobrecarga, desequilíbrios musculares ou fadiga antes que se tornem lesões. Hoje, o fisioterapeuta atua não só na reabilitação, mas na prevenção, com protocolos específicos de avaliação funcional, testes de força, flexibilidade, controle motor e estabilidade articular. Um exemplo prático é o uso do PSR, um questionário sobre fadiga, dor, sono etc., que ajuda a identificar como está a recuperação do atleta e permite adaptar o treino diariamente”, complementa a Dra. Morgana Américo.

MOMENTO ATUAL

Além do uso da ciência e tecnologia para garantir o melhor desempenho dos atletas, existem técnicas para planejar a carga de trabalho ao longo da temporada, permitindo que o atleta atinja o ápice físico nos momentos decisivos do ano.

Trata-se da periodização do treinamento, que organiza a carga física, técnica e emocional estrategicamente durante o ano, conforme explica a Dra. Morgana Américo:

“A ideia é que o atleta não esteja no ápice físico em fevereiro ou março, mas sim em agosto, setembro e outubro — meses decisivos para quem ainda disputa competições como Copa do Brasil, Libertadores, Sul-Americana e Brasileirão. Para isso, o trabalho deve ser planejado desde o início da pré-temporada, alternando períodos de maior carga com fases de recuperação, ajustando a preparação conforme a resposta dos jogadores.”

“Nesse contexto, fisiologia, fisioterapia e medicina têm papel essencial. Monitorar o desgaste, prevenir lesões e ajustar cargas individualmente permite que o grupo chegue ao segundo semestre com o maior número possível de atletas disponíveis — e em boas condições para performar. É o que chamamos de pico de forma planejado”, finaliza.

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